Seita x Religião: Qual a diferença?
Distinção crucial é se uma crença resiste ao teste do tempo
Qual é a diferença entre uma “seita” e uma “religião”? Não é fácil dizer. Muitas pessoas pensam que sabem a diferença. Alguns dizem que a Igreja de Unificação do Rev. Sun Myung Moon é uma seita — isso é verdade? E a maioria das pessoas também diz que o Judaísmo e o Cristianismo são seguramente religiões.
Mas na verdade, o Cristianismo em seu início era considerado apenas como uma seita, tanto pelos Judeus como pelos Romanos; o Islamismo foi considerado por muito tempo apenas como uma seita pelos cristãos medievais; e naturalmente, muitos grupos Protestantes, desde os Batistas até os Quakers, foram considerados seitas pelos outros cristãos.
Além disso, se sua definição sobre “seita” seja de um grupo com um líder carismático e muito diferente que acredita ter acesso direto ao divino, e espalha uma teologia que parece herética e confusa aos olhos das religiões estabelecidas, então Cristianismo, Islamismo e Budismo eram certamente seitas quando começaram — e sem nenhuma dúvida, os Judeus também eram uma seita no início.
O que sugerimos aqui, é a verdadeira diferença entre uma seita e uma religião: um período de cerca de 100 anos. Uma vez que uma seita é capaz de se estabelecer por várias gerações, devemos chamá-la de “religião.” Antes disso, rejeitamos esta seita como uma ameaça perigosa para a verdadeira religião.
Isto pode parecer uma piada, uma zombaria cínica da diferença, e da própria religião. Mas não pretendemos dizer isso com esse sentido. Há boas razões para respeitar um grupo que pode manter uma visão de vida por duas ou três gerações, o que não se aplica aos grupos que surgem e desaparecem em uma única geração.
Para começar com os pontos mais óbvios, um grupo que sobrevive ao longo de gerações não pode arcar com o tipo de comportamento autodestrutivo, opressivo e antissocial que intimida nas seitas. Este grupo não pode se envolver em suicídio em massa, é claro, nem provavelmente se manter, se ele prescreve práticas extremamente insalubres. Este grupo provavelmente irá desmoronar, ou atrair sobre si a dura atenção das autoridades políticas, se este grupo oprime seus membros, ou se envolve em ataques contra as pessoas de fora. Para se tornar uma religião, um grupo com uma visão compartilhada do que Deus quer, ou que torna a vida humana digna de ser vivida, deve estar propenso a desenvolver uma moralidade muito parecida com a sociedade ao redor — e realmente declarar essa moralidade como central para o que tem a ensinar.
Um grupo que sobrevive por gerações também terá que desenvolver instituições para ensinar sua mensagem para seus jovens. Mas nenhum sistema que tenha implicações terríveis ou bizarras manterá a lealdade de seus jovens.
E finalmente, um grupo que sobrevive por gerações normalmente precisará reconciliar sua mensagem religiosa com o restante dos aspectos da sociedade humana, e acreditará que seus membros podem encontrar empregos nessa sociedade, manter relações econômicas e de vizinhança com os demais nessa sociedade, e agir como cidadãos. Tudo isto requer equilíbrio e interpretação das necessidades e práticas de sua geração fundadora.
A questão se a Igreja de Unificação é uma seita ou uma respeitável nova religião no fluxo principal das religiões mundiais é digna de se perguntar – e também de se responder. Vamos fazer as contas: a Igreja de Unificação e seus grupos afiliados compreendem um novo movimento religioso com menos de 60 anos, e a maior parte da segunda geração de Unificacionistas, que têm participado da cerimônia da bênção do matrimônio ainda estão em seus vinte anos, enquanto que a maioria da terceira geração de Unificacionistas ainda são crianças. No Brasil, a Igreja de Unificação nem mesmo alcançou seus 40 anos. Assim, isto significa que ainda não resistimos ao teste do período de tempo?
Alguns fatos são favoráveis para a aceitação da Igreja de Unificação como uma religião que ninguém deve temer. O Seminário Teológico da Unificação é um membro associado da respeitada Associação de Escolas Teológicas Americanas. Uma crescente multidão de membros da Igreja de Unificação (incluindo filhos e netos dos membros fundadores) estão atravessando os portões de Harvard, Columbia, Cornell, e outras universidades como também de escolas públicas de topo, tais como a Universidade da California em Berkeley. Mais de 50 Unificacionistas da segunda geração estiveram servindo em zonas de guerra no Iraque e Afeganistão. Pelo menos oito jovens Unificacionistas se graduaram em academias tais como West Point. Vários membros da Igreja de Unificação têm servido como representantes eleitos em Assembléias Estaduais. Isto soa como um grupo marcado por um “comportamento autodestrutivo, opressivo ou antissocial”? De jeito nenhum.
Tradução e adaptação: Marcos Alonso