A Realidade e Natureza de Deus

Como uma pessoa pode conhecer Deus? Ele se revela de duas formas: através da natureza como um todo e através do homem. Algumas das grandes religiões do mundo são crenças baseadas em uma consciência e apreciação da natureza. O Hinduísmo, por exemplo, é construído sobre a reverência por toda vida derivada a partir da beleza, ordem e majestade do mundo. Outras crenças, como Judaísmo e Cristianismo, podem ser chamadas de centradas no homem, ao invés de religiões centradas no mundo. Para cristãos e judeus, Deus se revela quando estudamos a nós mesmos. Conheça a si mesmo e conhecerá Deus. O homem é feito à imagem de Deus, assim, se contemplamos a maravilha da existência humana, podemos reconhecer a realidade e natureza de Deus.

A humanidade exibe uma lei fundamental de polaridade. Deixe-me dar vários exemplos:

1) Um ser humano é um produto de sua hereditariedade e ambiente.

2) Logo que nos tornamos cientes de nós mesmos, também nos tornamos cientes do universo exterior.

3) Cada indivíduo reconhece que ele consiste de uma forma física exterior como também uma personalidade interior. Como o Princípio Divino coloca, temos uma forma externa e um caráter interno. 3

4) Então quando uma pessoa examina seu verdadeiro ser, ela vê que possui uma mente e emoções poderosas.

5) Finalmente há uma diferença óbvia entre ser um homem ou uma mulher.

O que estas dualidades básicas têm em comum? Elas ilustram a lei fundamental de polaridade. O homem deve ser definido em termos de seus relacionamentos. Existimos em relações. A natureza humana consiste de relacionamentos combinados. Existimos e agimos por causa de um processo de reciprocidade que ocorre entre nossa forma exterior e nosso caráter interior, nosso corpo e personalidade, nossas faculdades racional e afetiva. Estas características duais da natureza do homem devem, portanto, revelar algo sobre a realidade e caráter de Deus.

O Protestantismo moderno tem gradualmente reconhecido que uma visão dinâmica do homem produzirá uma visão dinâmica sobre Deus. Durante a última parte do século XIX, Albrecht Ritschl insistia que teologia deveria concentrar sua atenção no relacionamento de Deus com o homem. Ele ressaltou que as costumeiras definições metafísicas de Deus eram tão abstratas e sem vida. Em sua opinião, os atributos morais de Deus são mais importantes do que os ontológicos. 4 Seguindo a Crítica da Razão Pura de Kant, Ritschl afirmou que, por causa das limitações intrínsecas de nossa faculdade racional, a natureza essencial de Deus reside além da compreensão do homem. Podemos nunca conhecer o que é Deus em si mesmo. Tudo o que podemos entender é Seu relacionamento conosco. Mas para Ritschl estes são os mais importantes atributos divinos de qualquer maneira.

Por que isto é verdade? As definições modernas da Divindade tendem a separar Deus de nós, enquanto os atributos morais nos aproximam a Ele. Karl Barth em seu Dogmatics compreendeu isto quando tratou primeiro das “perfeições do amor divino,” antes de considerar “as perfeições da liberdade divina.” 5 De acordo com Barth, os seis atributos da natureza amorosa de Deus são Sua graça e santidade, misericórdia e justiça, paciência e sabedoria. Note que todas estas perfeições divinas estão diretamente relacionadas com o homem, seus problemas e suas aspirações. Agora observe os atributos da liberdade perfeita de Deus que também são seis em número: a unidade divina e onipresença, Sua constância e onipotência, Sua eternidade e glória. Todas estas qualidades enfatizam a singularidade metafísica de Deus. Ao enfatizar quão diferente Deus é do homem, eles o tornam mais distante, mais inacessível. Em nossa época quando a fé em Deus é tão difícil para um grande número de pessoas, não precisamos enfatizar quão distante e além Deus está de nós. O que os homens modernos anseiam são sinais de Sua proximidade. Isto também pode explicar porque o Princípio Divino ensina que o fato da polaridade aponta para a existência de polaridade em Deus. Ao demonstrar como a natureza humana revela o modo da existência de Deus, Ele se tornar mais próximo de nós.

Sendo que a natureza humana vem em duas formas complementares, pode-se perguntar se o relacionamento entre masculinidade e feminilidade pode ajudar a explicar a natureza de Deus. Barth pensava que sim. Ele insistiu que a doutrina tradicional da imago dei não se referia a algo que o homem tem que o torna como Deus. A imagem divina não se refere ao fato que nos assemelhamos a Deus porque possuímos razão ou livre arbítrio, como teólogos anteriores defendiam. Quando a Bíblia diz que Deus criou macho e fêmea à imagem de Deus, isto indica que nossa semelhança com Deus é vista em nossos relacionamentos amorosos uns com os outros.

Somos criados macho e fêmea como um sinal de nossa necessidade de nos realizarmos através do amor. Assim, ostentamos a imagem de Deus porque realizamos nossa natureza, como ele cumpre a Sua, na experiência de harmonia, unidade e amor. 6

Como Barth, o pensamento de Unificação ensina que o texto da imago dei na Escritura tem a ver com o relacionamento fundamental entre homens e mulheres. Mas de acordo com o Princípio Divino a história de Adão e Eva demonstra que a criação deles como um par realmente representa a manifestação externa e objetiva da polaridade de Deus. Somente Adão não era e não poderia ser a completa imagem divina. Eva era necessária para refletir a plena semelhança de Deus. Assim, Deus deve existir em polaridade, isto é, Ele deve possuir dentro de Si mesmo as características duais de masculinidade e feminilidade que são perfeitamente expressas e completamente harmonizadas em Sua natureza.

A doutrina da polaridade divina ensinada pela teologia da Unificação deve ser vista não como uma novidade excêntrica, mas como uma reafirmação de uma visão teológica válida. Em tempos e culturas antigas, homens devotos reconheciam a existência de aspectos masculinos e femininos da Divindade. Isto era claramente verdadeiro nas tradições filosóficas e religiosas chinesas e indianas. Desde o período anterior, como visto no clássico confucionista I Ching, o mundo era interpretado como uma expressão do Grande Definitivo manifestado através das dualidades complementares do masculino (yang) e feminino (yin). A filosofia Yin-yang era o pressuposto de ambos Confucionismo e Taoísmo, apesar de seus desentendimentos sobre outros assuntos. De acordo com sábios chineses, yin se refere à terra, a mulher, receptividade e os aspectos belos da vida, enquanto yang simboliza céu, a masculinidade e as virtudes ativas como bravura e justiça.

Deve-se ter cuidado para não interpretar mal a doutrina yin-yang. Ela não é dualista em qualquer sentido rígido. O yang e o yin são diferentes, mas de nenhuma forma antitéticos. Se originando de uma fonte suprema comum, masculinidade e feminilidade são bipolares em natureza e são desenhadas para complementar uma a outra. Nem uma é necessariamente superior à outra em valor. Dureza e suavidade são igualmente desejáveis. Humidade e secura possuem mérito semelhante, dependendo das circunstâncias. Assim é com masculinidade e feminilidade, ou atividade e receptividade. O macho é diferente da fêmea, mas cada um tem sua função adequada que não deve ser confundida com o relacionamento entre primário e secundário ou superior e inferior. 7

Os arqueólogos descobriram inúmeras estatuetas datando de 3.000 A.C. provando que antigos indianos adoravam a grande Deusa Mãe. Hindus expressam a polaridade divina de duas formas: o sagrado matrimônio de Siva e Sakti e a união romântica do Senhor Krishna e sua consorte Radha. Vamos concentrar na última, como visto na teologia moderna do Brahmavaivarta Purana, um texto sagrado do século XV D.C. A adorável Radha, consorte do Senhor Krishna, é louvada como a Mãe dos mundos, a Deusa Suprema, cheia de graça. Krishna e Radha se abraçam eternamente, tornando-se os progenitores de toda a humanidade. Como mãe divina, Radha protege seus filhos. Ela encarna amor e devoção total a seu companheiro, como também fornece um barco para atravessar o oceano desta vida por causa de sua incessante compaixão por toda a sua descendência terrena.  8 Em tempos modernos, esta Deusa Mãe (sob o nome de Kali) inspirou o exaltou o misticismo do bem conhecido Sri Ramakrishna. 9

Em comparação com as fortes tradições chinesas e indianas referentes à polaridade divina, o conceito Judaico-Cristão-Islâmico sobre Deus tem sido na maioria dos casos exclusivamente masculino. Assim como teólogas feministas como Mary Daly têm reivindicado, a imagem bíblica é a de um patriarca celestial que rege Seu povo de acordo com Sua misteriosa e aparentemente arbitrária vontade. Essa noção apóia e legitima uma ordem social opressiva dominada pelo homem, tornando quase impossível para as mulheres exercerem seus direitos e perceberem seu valor único. Se Deus é masculino, então o masculino é Deus, ela conclui prontamente. 10

Como resultado do movimento de liberação feminista, os teólogos começaram a reinterpretar as religiões semitas. O estudo de Raphael Patai sobre The Hebrew Goddess representa um marco na reavaliação da tradição judaica. 11 Os hebreus eram desconhecedores ou hostis a um conceito masculino-feminino de divindade? De forma nenhuma, diz Patai. Repetidamente os judeus reconheciam o aspecto feminino da Divindade. Durante a maior parte do período monárquico, os israelitas parecem ter adorado ambos Javé e Sua consorte que era chamada Asserá ou Astarte, a rainha do céu. Com igual fervor e devoção, eles invocavam as bênçãos da Mãe Terra e seu regente guerreiro o Senhor dos Exércitos. Em Filo de Alexandria a polaridade de Deus era interpretada em termos de atributos masculinos de Elohim e os atributos femininos de Javé. Então, no posterior Judaísmo místico, grande importância era dada ao amor de Javé por sua amada parceira, a Shekhinah. 12

Quanto ao Cristianismo, no final da Idade Média, o cardeal Nicholas de Cusa (b. 1401) reafirmou um conceito bipolar da Divindade. Ele definiu Deus como a “coincidência de opostos.” O muito grande e o muito pequeno, o muito distante e o muito próximo, o transcendente e imanente não são contrários, mas estão unificados na natureza de Deus. Essa noção foi adotada pelos Românticos Germânicos no final do século XVIII, e é particularmente importante na teologia de Schleiermacher. 13 Ele descreveu Deus em termos de um relacionamento polar entre Sua essência absoluta e Sua vitalidade absoluta. Quando os cristãos mencionam os atributos divinos de eternidade e onipresença, eles estão apontando para a essência irrestrita de Deus; e quando eles se referem à Sua onipotência e onisciência, eles estão falando sobre a vitalidade inesgotável de Deus. Na doutrina cristã do Criador, a vitalidade inesgotável de Deus é enfatizada. Na descrição de Deus como amor, enfatizamos Sua proximidade, Sua presença interior e manifestação em todas as coisas. 14 Isto se assemelha à interpretação da teologia da Unificação do relacionamento entre o coração de Deus (Sua essência absoluta) e Sua energia primária universal (a vitalidade absoluta de Deus).

Um contemporâneo mais velho de Schleiermacher, Emanuel Swedenborg (1688-1772) descreveu a polaridade divina ainda mais concretamente de três maneiras. Primeiro, ele ensinou que a natureza de Deus consiste das essencialidades duais de sabedoria divina e amor divino. Sabedoria divina reflete o aspecto masculino da natureza de Deus e o amor divino reflete a qualidade feminina de Deus. Amor divino e sabedoria divina existem em um relacionamento recíproco dentro de nós mesmos.

Além disso, cada indivíduo possui ambas as qualidades masculina e feminina como parte de sua personalidade. Em segundo lugar, há em Deus e por toda a Sua criação, uma polaridade entre Sua forma externa e Sua essência interna que corresponde ao que o Princípio Divino chama hyung-sang e sung-sang. Deus manifesta Sua Natureza externamente em todo universo, mas muito mais especificamente no homem.

Terceiro, Swedenborg reconhecia a correspondência básica que existe entre o mundo da realidade espiritual e nossa existência terrena. O homem é a imagem da sabedoria de Deus e a mulher é a representação de Seu amor. Assim, a polaridade fundamental de esposo e esposa em um matrimônio feliz manifesta a mais elevada expressão da natureza total de Deus. Então o matrimônio, para Swedenborg, deveria durar por toda a eternidade porque a união alegre de um homem e uma mulher cumpre o propósito definitivo da criação. Homens e mulheres estão inclinados para a “conjunção em um” como parte do plano de Deus. O homem foi criado por Deus para entender a verdade, enquanto a mulher foi criada para ser um afeto do bem. Portanto, um matrimônio realmente espiritual se refere ao entendimento masculino da verdade unido com a bondade feminina. Matrimônio verdadeiro é sagrado porque ele simboliza a felicidade conjugal derivada da sabedoria masculina do amor e o amor feminino pela sabedoria. De acordo com Swedenborg, matrimônio espiritual se origina de Deus, preenche os humanos com amor celeste e faz do casal a imagem do Senhor. 15

A psiquiatria moderna também tem enfatizado a importância da polaridade masculino-feminino, especialmente nos escritos de C. G. Jung. 16 Através de experiência clínica, Jung descobriu que a psique humana consiste de várias polaridades básicas. Todos experimentamos determinada tensão bipolar entre nossa razão e nossos instintos, nossa nossos amores e ódios. Mais importante é a polaridade masculino-feminino. Isto é encontrado em cada indivíduo. Cada homem tem um pouco do feminino em sua psique que Jung chamou de “anima” e cada mulher tem um elemento de masculinidade em sua natureza, o “animus.” Para ser saudável é preciso reconhecer e aceitar estas polaridades psíquicas, pois se fizermos isso, elas se tornam a fonte para energia criativa e nos capacita a crescer em salubridade. Amadurecemos através da luta para harmonizar estas tendências contrastantes dentro de nossas naturezas individuais.

Além de reconhecer a existência de polaridades psíquicas, Jung estava particularmente preocupado com o valor distinto dos aspectos femininos. O homem ocidental tornou-se desequilibrado, perturbado e neurótico simplesmente porque o ocidente tem negado, degradado ou tentado ignorar os elementos femininos na natureza humana. Homens são muito racionais, muito dominadores, demasiadamente analíticos nos dias de hoje, porque eles se recusaram aceitar o valioso lado feminino de suas personalidades. Mulheres podem ensinar os homens a importância de relacionamentos calorosos, sentimentos profundos e realidades místicas que transcendem a lógica comum. A humanidade precisa apreciar ambos Eros e Logos, disse Jung. Ele também sentia que deveríamos revisar radicalmente o nosso conceito de Deus para encontrar um lugar para o valor definitivo do feminino. Como ele disse, a Trindade toda masculina deve ser expandida para incluir a feminilidade de Deus. Entretanto, em geral o pensamento de Jung não causou grande impacto na teologia cristã enquanto ele estava vivo.

Não obstante, Ann Belford Ulanov do Seminário da União continuou o trabalho de Jung, especialmente em seu livro intitulado The Feminine in Jungian Psychology and in Christian Theology (1971).

Ela afirma que o entendimento de Jung sobre a natureza bipolar da personalidade tem importantes implicações para a doutrina cristã sobre Deus, Cristo, o Espírito e salvação. Se negligenciamos o feminino ou pensamos sobre ele como meramente o segundo melhor, não estamos aceitando a plena expressão da individualidade de uma pessoa.

Quando aceitamos somente uma expressão parcial de nossa personalidade, como podemos nos render totalmente a Deus? Quando os Protestantes suprimiram totalmente o aspecto feminino do simbolismo cristão durante a Reforma Religiosa atacando o culto da Virgem Maria, eles negaram o aspecto feminino da Divindade. Como resultado, o ego racional passou a dominar o ego do coração. Até que, de alguma forma, recuperemos o respeito pelos elementos femininos como também os masculinos na natureza divina, nossa ordem social permanecerá perigosamente fora de equilíbrio e nossas vidas individuais estarão ameaçadas por desajustes psíquicos, adverte Ulanov. 17

O trabalho de Ulanov é também importante porque ela deliberadamente busca relacionar a visão de Jung com o fluxo central do pensamento cristão. Embora ele era filho de um pastor Protestante suíço, Jung se preocupou com aspectos periféricos da tradição judaico-cristã – o Gnosticismo, o misticismo Cabalístico, a alquimia medieval. Ao destacar a confirmação de sua profunda psicologia analítica com estas ilustrações, Jung infelizmente se alienou das igrejas estabelecidas. Ulanov corrige isto. Para ela, o material de apoio para os conceitos de Jung são encontrados dentro de padrões teológicos cristãos mais amplamente aceitos. Assim, ela corrobora a verdade da análise Jungiana se referindo a Barth, Tillich, 19 o Padre E. X. Arnold 20 como também os filósofos ortodoxos russos da religião, Solovyev 21 e Berdyaev. 22

Porque Deus existe em polaridade, Deus é por natureza, amoroso. Como o Novo Testamento insiste, Deus é ágape. No nível humano amor é sempre um relacionamento dinâmico entre duas pessoas. Amor implica uma interação vital e frutífera entre um sujeito e um objeto. Amor é a experiência de união criativa entre um esposo e uma esposa levando ao nascimento de filhos. Não obstante, ainda devemos demonstrar como estas definições de amor humano se aplicam ao amor divino.

Se Deus é amor, Ele deve ter um ser amado. Alguns pensam que porque Deus é existência infinita, eterna e perfeita, Ele não tem necessidade de nada. Ele já está em felicidade absoluta, assim, nada poderia aumentar Sua felicidade total. Se dizemos que Deus é amor, tudo o que queremos dizer é que Deus estaria contente em amar a Si mesmo para sempre. Deus encontra felicidade se imaginando como o ser amado a quem Ele ama. Determinadas interpretações da Trindade se assemelham a este argumento. Deus é amor. A parte amante é chamada Deus Pai. O objeto divino do amor do Pai é esse aspecto da Divindade chamado Filho. Sendo que o Pai ama o Filho e o Filho ama o Pai, esse processo de amor divino é o Espírito Santo. Entretanto, há uma falha grave nesta interpretação. Como há somente um único Deus, então Deus está simplesmente amando a Si mesmo, e um amor egocêntrico é insatisfatório até mesmo no nível humano.

Porque Deus é amor, Ele criou o homem, afirma o Princípio Divino23 Com o homem, Deus planejava ter um relacionamento Eu-Tu, como diria Martin Buber. Assim, Deus projetou toda a Sua natureza em Sua criação humana. Ele produziu homens e mulheres para manifestar Seu ser invisível na forma de uma imagem visível e tangível. Amor não pode ser retribuído a menos que exista ambos sujeito e objeto, um que ama e outro que é amado. Portanto, o homem foi criado para ser o parceiro de Deus. Deus queria dirigir Seu amor infinito na direção da humanidade e receber sua resposta completa. Assim, ao estudarmos as implicações da polaridade divina, passamos a ver a necessidade para a criação. Nosso universo foi criado a fim de Deus experimentar alegria definitiva através de dar e receber amor com o homem.

Até agora assumimos que amor no nível humano e amor no nível divino são semelhantes. Mas isto é verdade? O Bispo Anders Nygren contrasta nitidamente estes dois tipos de amor em seu livro Agape and Eros. 24 Eros é amor humano baseado no desejo e não tem nada em comum com o amor de Deus, ágape. Eros representa os esforços do homem para alcançar Deus, enquanto ágape é Deus alcançando o homem. Eros aspira se unir com algo mais elevado. Ágape, ao contrário, se refere a um dom não merecido de pura graça do Deus todo-perfeito para o homem totalmente pecador.

Observe que a definição de ágape de Nygren não é a mesma descrição do amor como o experimentamos. O que Nygren fala não é amor, mas caridade. Por exemplo, um homem grandemente rico joga algumas moedas para um mendigo. Aquele que tem tudo dá graciosamente para alguém que não tem nada. O homem rico não deve nada para o mendigo. Talvez nunca o tivesse visto antes. Assim, o dom de ágape, de acordo com Nygren, é um ato de graça desinteressada. Entretanto, o homem rico e o mendigo não estão de modo nenhum conectados por laços de amor. Nygren ignora o fato fundamental da polaridade divina. Assim, esta ilustração não percebe o ponto principal. Amor produz uma experiência mais elevada de alegria do que realizar um gesto de pura caridade. Caridade pode apenas implicar em uma relação unidirecional do doador para o recebedor.

A partir do ponto de vista da polaridade, o que significa amar? Amor depende de um processo de dar e receber. Amor tem que ser um relacionamento em dois sentidos. Ele nunca pode ser completo a menos que seja recíproco. Assim, se Deus ama a humanidade, então Deus deve se beneficiar também a partir do relacionamento conosco. Deus criou o homem para sentir a alegria suprema da companhia. Deus anseia pela satisfação definitiva de ser aceito como um parceiro. Portanto, Ele quer ser amado tanto quanto dar amor.

A teologia neo-ortodoxa ignorou a lei da polaridade que está implícita na doutrina do amor de Deus. Emil Brunner demonstra este defeito quando ele insiste em uma relação unidirecional entre o Criador e Sua criação. Deus sem o mundo ainda é Deus, mas o mundo sem Deus é igual a nada, declarou Brunner. O que isto quer dizer é que a criação é totalmente dependente de Deus, mas que Deus não recebe nada extra a partir do fato de Seu caráter de amor.

Ao contrário da neo-ortodoxia, o pensamento de Unificação explica o propósito de criação em termos da necessidade intrínseca de Deus de sentir a alegria definitiva de ser o recebedor de duradoura afeição. Porque Deus é todo-amoroso por natureza, Ele anseia pela companhia de um parceiro simpático e leal. Como um esposo e uma esposa alcançam a máxima alegria através de duradouro dar e receber de suas companhias amorosas, o propósito mais profundo de Deus é ser capaz de amar plenamente outro e desfrutar o deleite supremo de ser amado completamente em retorno. Sendo que Deus é amor, então a alegria de amar e ser amado era o propósito primário da criação.

O processo de pensamento recente defende um conceito muito semelhante de Deus. O pensamento de Unificação fala sobre a interação vital entre o sung-sang de Deus (caráter interno e vontade essenciais) e Seu hyung-sang (forma externa manifestada através da energia criativa) que traz a criação e as obras na história. A filosofia Whiteheadiana fala da polaridade das naturezas primordial e consequente de Deus.

Sua natureza primordial é a estrutura de todas as possibilidades: eterna, perfeita e impassível. Sua natureza consequente age e reage no tempo e processo do mundo, se move criativamente em relação ao mundo e é afetada pelos resultados das experiências do mundo. Deus opera na história de uma maneira dinâmica, agindo e reagindo.

Um propósito de criação igualmente importante era que Deus fosse capaz de se expressar de uma forma física. O Princípio Divino expõe uma teologia muito sacramental: o homem foi desenhado para servir como um vaso de amor de Deus e um templo de Sua presença, como registra o Novo Testamento. 25 Em outras palavras, Deus que é espírito infinito criou seres humanos finitos à Sua imagem como uma forma para Ele se tornar encarnado. Como o prólogo para o Evangelho Joanino declara, a Palavra de Deus estava destinada desde o início a se tornar carne. Por que Deus buscava ser encarnado? Ele queria participar plenamente na vida humana, para sentir toda a gama de nossas experiências. Deus buscava sentir por Ele mesmo o que significa viver no nível físico. Assim, poderíamos dizer que Deus criou o homem para ser Seu corpo.

Essa visão é totalmente contrária às teologias cristãs mais antigas? Na verdade não. Deixe-me indicar duas noções de alguma forma semelhantes a partir da história das doutrinas. Primeiro, os padres gregos elaboraram uma teologia profundamente encarnacional. 26 O objetivo do homem era alcançar a deificação (theosis).

Deus quer que sejamos como Ele mesmo. Assim, Cristo veio para nos capacitar a sermos uma encarnação de Deus. Ao contrário dos padres latinos que reivindicavam que Deus se tornou homem para expiar os pecados do mundo, os teólogos ortodoxos orientais reconheciam que o propósito primário de Deus na criação era que os homens fossem manifestações visíveis e tangíveis da natureza divina.

Em segundo lugar, enquanto muitos teólogos medievais ensinavam que a encarnação somente se tornou necessária como um remédio para a condição humana pecaminosa por causa da Queda, vários teólogos franciscanos 27 afirmavam que a encarnação era parte do plano original de Deus para a criação, ou seja, desde o início Deus pretendia se tornar encarnado no homem.

De acordo com a teologia da Unificação, Adão e Eva estavam destinados a se tornarem as primeiras encarnações do espírito de Deus. O Adão e Eva aperfeiçoados, como os verdadeiros pais da humanidade, serviriam como profetas, sumo-sacerdotes e rei e rainha da família humana: profeta porque eles instruíriam os homens sobre Deus, sumo-sacerdotes porque eles serviriam como mediadores de Deus, e regentes porque eles seriam os representantes da autoridade divina, cumprindo o triplo ofício de Cristo como Calvino e Brunner o interpretam. Se o plano de Deus tivesse funcionado como pretendido, começando com o casal primordial, todos os subsequentes homens e mulheres teriam servido como veículos para a contínua encarnação de Deus. Consequentemente, o objetivo para a humanidade é se tornar uma manifestação visível de Deus é, portanto, o senhor adequado de toda a criação.

Desta maneira o Princípio Divino afirma que Deus existe em uma polaridade de caráter interno e forma externa. Seu caráter interno ou espírito está eternamente oculto da visão embora Sua presença e poder possam ser percebidos. Contudo, Sua forma externa somente poder plenamente manifestada quando homens e mulheres se tornam encarnações da imagem divina.

Anteriormente, enquanto Seu hyung-sang era expresso na operação da mera energia divina, o poder de Deus estava muito restrito; entretanto, após Sua encarnação, a onipotência de Deus será plenamente realizada de acordo com a lei de Seu amor.

Talvez alguns se perguntem se essa doutrina encarnacional não poderia roubar de Deus a Sua dignidade. Os cristãos não devem sempre reconhecer a radical transcendência e singularidade de Deus? Mas acreditar que theosis é o objetivo definitivo do homem não priva realmente Deus de Sua autoridade e poder ou apaga a distinção entre a criatura e o Criador. Deus de modo algum é diminuído quando Ele estende Sua presença ao estar encarnado no homem. Muito pelo contrário, pois Ele expande o alcance de Suas operações participando em todas as alegrias e tristezas de Seus filhos. Enquanto permanece único como o Criador, Deus quer compartilhar em cada forma de vida de Seus filhos e filhas para que neles, Ele possa viver e se mover e ter Sua existência. Como registra o Apocalipse, quando vem o reino, “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus.” (21:3)

Como pode surgir esta comunhão ideal de Deus e o homem? Vamos examinar o plano bíblico de criação em busca de pistas. De acordo com o relato do Gênesis, Deus colocou Adão e Eva no Jardim do Éden, pretendendo que eles crescessem em comunhão com Ele e um com o outro. Se eles tivessem realizado o propósito de criação, eles teriam se unido em um matrimônio centrado em Deus e se tornado os verdadeiros pais de uma família humana feliz e harmoniosa. Adão e Eva com seus descendentes poderiam ter proporcionado a Deus um ponto de apoio na terra pelo qual Ele exerceria sua plena soberania sobre o mundo. Assim, Adão e Eva estavam destinados a servir como o fundamento para o tipo de família centrada em Deus que se expandiria em um clã, tribo, nação e comunidade global. Se a Queda não tivesse ocorrido, toda a terra teria permanecido o Jardim do Éden no qual alegria, harmonia e justiça prevaleceriam. Era esse tipo de sociedade que Jesus chamou de reino de Deus, uma realização da soberania divina na terra.

Agora vamos olhar para outro aspecto da natureza Divina. No Velho Testamento, o Judaísmo enfatiza a importância dos laços de um indivíduo com sua família e sua nação. Ninguém, insistem os judeus, vem para a presença de Deus sozinho. Quando você se encontra com Deus, você descobre que está sempre com outras pessoas. Assim, Deus nunca é um Deus particular. Quando Ele é seu Pai celeste, Ele é sempre “Nosso Pai” ao mesmo tempo. Em outras palavras, o homem vive em unidade com os outros. Ninguém está destinado a existir em isolamento. Em última análise, Deus realmente não está interessado em nós como indivíduos. Ele está principalmente interessado em nós como partes de uma comunidade mais ampla. Como pessoas, constituímos uma rede única de relacionamentos. Descobrimos Deus através desses relacionamentos. Ao nos relacionarmos com outra pessoa no nível mais pessoal, também encontramos Deus. Nunca deveríamos pensar, eu sou o que sou. De fato, eu sou por causa de você. Tudo o que eu sou é determinado pelo que os outros são. Temos nossa existência na comunidade.

Não obstante, a teologia de Unificação vai além de uma religião baseada na solidariedade social. Embora Deus seja sempre nosso Pai universal, é possível ter um relacionamento particular com Ele. Uma teologia de polaridade torna o amor central.

Reinhold Niebuhr insistia que amor é e deve ser limitado para direcionar contatos pessoa-a-pessoa. Simplesmente não podemos nos relacionar com todo um grupo com a proximidade experimentada em relação a indivíduos específicos. 28 Por isso nossa comunhão com Deus pode ser e deveria ser baseada em contatos coração-a-coração. Esse é o motivo pelo qual nossa semelhança a Deus tem sido comparada com a unidade de um esposo e uma esposa.

Observemos este problema a partir de outro ângulo. Quando definimos primeiro a natureza de Deus, geralmente o descrevemos como o Criador. Ele é Deus porque Ele é o criador de céu e terra. Ou para citar o Princípio Divino, Deus é a energia primária universal. Por esta razão Tillich define Deus como “o fundamento do ser.” Ele é a fonte criativa de tudo que existe. De acordo com a teologia da Unificação, Deus é mais do que simplesmente a energia perpétua e autogeradora que traz toda a criação à existência e é responsável por sua manutenção.

A teologia da Unificação especificamente reafirma a mesma natureza pessoal de Deus. Quando visto de dentro, nosso universo revela a existência de um Deus de coração. Deus não é apenas “um Poder que cria para a justiça.” 29 Não simplesmente “o Movedor  imóvel” da metafísica de Aristóteles. Nem Vontade onipotente. Nem ordenamento cósmico e lei natural. Mesmo se todos estes termos nos dizem algo sobre Deus, eles não indicam Sua característica mais importante: o coração divino.

Em nosso tempo, muitas pessoas religiosas acham difícil aceitar a ideia que Deus é pessoal. Eles perguntam se isso não é antropomórfico? Porque somos pessoas, tentamos refazer todo o vasto universo à imagem humana. Seguramente a natureza do processo cósmico é tão superior ao entendimento dos homens sobre ele como a visão de um elefante é diferente da visão de uma formiga. Então que direito nós temos de medir o universo por nossos padrões humanos mesquinhos?

Suponham que reconhecemos que a natureza de Deus é muito mais exaltada do que nossa própria. Ainda sim devemos medi-lo pelo mais elevado que conhecemos. Quando descrevemos Deus como uma pessoa, estamos admitindo que Ele é como o melhor que podemos imaginar. 30 Em contraste, aqueles que negam a personalidade de Deus, frequentemente tendem a explicar Sua natureza em termos inferiores aos humanos: como uma força cósmica impessoal, por exemplo.

Quando decidimos atribuir a Deus qualidades como as nossas próprias, enfrentamos outro problema. Quais características humanas são as melhores? Desde a época dos antigos filósofos, a nobreza do homem tem sido definida em termos de sua razão. A razão nos faz semelhantes aos deuses, diziam. Mas esta é uma definição altamente intelectual do ser. Não há algo maior sobre o homem do que sua capacidade de pensar?

O Princípio Divino reivindica que o coração é mais fundamental do que a mente. Não é tanto o que pensamos, mas como sentimos que faz um homem um verdadeiro ser humano. Somos louvados ou julgados pela profundidade e alcance de nossas emoções, ao invés de quanto conhecemos. Por esta razão, o Novo Testamento coloca o amor no topo da lista de virtudes, ainda mais elevada do que a fé. Dos grandes teólogos Protestantes modernos, Schleiennacher enfatizou a religião de coração. Para ele a fé não é doutrina como os escolásticos Luteranos afirmavam, nem é simplesmente ética como defendia Kant.

Fé é uma relação viva e calorosa entre o homem e Deus. Religião é a intuição e sentimento de dependência absoluta, a experiência da consciência de Deus e se tornar unido com o infinito no meio do finito. 31

Se o coração simboliza o núcleo interno da personalidade humana, então Deus deveria ser pensado em termos semelhantes. Acima de tudo, Ele é um Deus de coração. O que isto significa? Isto significa que nosso entendimento sobre Deus deve ser baseado em uma apreciação dos sentimentos humanos. Deus sente ao menos tão profundamente como nós sentimos. Ele é ao menos tão sensível ao que acontece ao mundo como nós somos. Se Ele é um Deus de coração, então Ele experimenta toda a gama de emoções desde a solidão e sofrimento intenso até a alegria maravilhosa. Se Ele está perdoando, Ele também está ferido pela dor. Deus pode amar e expressar justa indignação. Consequentemente, porque Deus é um Deus de coração, Ele deve ser profundamente afetado por tudo que acontece em Sua criação.

Isto explica porque o pensamento de Unificação, como a teologia do processo, se recusa a definir Deus como simplesmente onipotente e onisciente. 32 O significado convencional destes atributos ignora o fato da polaridade. Deus não é onipotente. Seu poder é muito maior do que do homem, mas Ele é limitado por Sua própria natureza e Suas leis cósmicas. Deus não é livre para violar Sua relação essencial porque isso é parte de Seu próprio ser. Além disso, o homem foi criado de tal forma que ele se restringe ao propósito de Deus. Nossa responsividade pode determinar a efetividade dos atos de Deus na história. Como Jesus demonstrou, se um homem não tem fé, nem mesmo Deus pode curar sua doença. A resposta do homem à iniciativa divina pode frustrar ou levar à fruição a intenção de Deus. A vontade de Deus pode ser impedida por um tempo enquanto não agimos de forma responsável. Entretanto, podemos ter certeza que a vontade de Deus certamente triunfará. Seu método de persuasão acabará conquistando os homens ao Seu lado para que o propósito de criação seja realizado.

Nem Deus é completamente onisciente. Sua onisciência, como Sua onipotência, precisa ser qualificada pelo livre arbítrio do homem. Deus não sabe tudo o que acontecerá porque embora Ele deseje algum resultado, isto não pode acontecer se não cooperamos. No entanto, Deus é onisciente em um aspecto muito importante. Ele conhece todas as possibilidades. Nada que possamos fazer pode surpreendê-Lo. 33

A maioria das grandes crenças do mundo têm dado algum reconhecimento ao coração de Deus. Pode-se encontrar isto expresso no Judaísmo Hassídico, no Islamismo Sufi, no Hinduísmo bhakti e em algumas formas do Budismo Mahayana. Ao mesmo tempo, muitas religiões têm frequentemente sido opostas à crença no Deus de coração em nome da razão ou da transcendência divina. Portanto, ao destacar a centralidade do coração em nosso entendimento de Deus e do homem, o Princípio Divino faz uma profunda contribuição para a teologia moderna.

 


 

2 Cf. R. Kress, “God the Mother:’ Whither Mankind (1975), pp. 265-289.

Divine Principle (1973), pp. 21-22.

4 D. L. Mueller, An Introduction to the Theology of Ritschl (1969), pp. 38-40.

5 K. Barth, Church Dogmatics (1957), 11/1/pp. 322ff. 6Ibid. III/l/p. 196.

7 W. M . de Bary et al, Sources of Chinese Tradition (1960), pp. 96-99.

8 Cf. C.M. Brown, God as Mother (1974).

9 Cf. C. Isherwood, Ramakrishna and His Disciples (1965). Kali (também chamada Sakti) é a consorte divina do deus Siva.

10 M. Daly, Beyond God the Father (1973), pp. 13, 19.

11 R. Patai, The Hebrew Goddess (1967). Cf. também G. Scholern, On the Kabbalah and its Symbolism (1965), pp. 104-109.

12 Shekhinah-literalmente, “rosto de Deus:” algo como o Espírito Santo. Hosea ensinava que Deus era como um amante procurando Sua amada. Judeus místicos mais tarde ensinaram que o espírito divino que estava mais próximo a Israel era como noiva de Deus que foi com Israel para o cativeiro. Portanto, Deus espera ser reunido com Sua amada.

13 R.R. Williams, Schleiermacher the Theologian (1978).

14 Ibid., pp. 87-98. Durante o período neo-ortodoxo, Schleiermacher foi frequentemente atacado como o pior inimigo moderno da teologia bíblica. Uma reavaliação positiva de sua obra tornou-se bastante difundida. Por exemplo, Williams critica o tratamento Barthiano de Schleiermacher como unilateral, desleixado, fragmentado e irresponsável.

15 Cf. E. Swedenborg, Divine Love and Wisdom and Conjugal Love, also C.O. Sigstedt, The Swedenborg Epic (1952), pp. 354-359.

16 V. S. deLaszlo, Basic Writings of C. G. Jung (1959), pp. 158-182, 469-544; cf. também Jung, Modern Man in Search of a Soul; Psychology and Religion; The Answer to Job; Memories, Dreams, Reflections.

17 Cf. Ulanov, The Feminine (1971), pp. 289-334.

18 K. Barth, Church Dogmatics, III, Pt. 4, pp. 118-122.

19 P. Tillich, Systematic Theology (1963), vol. 3, p. 293.

20 E. X. Arnold, Woman and Man (1963), pp. 18-19.

21 V. Solovyev, The Meaning of Love (1945).

22 N. Berdyaev, The Destiny of Man (1960), pp. 61-67, 187-195, 232-242.

23 Divine Principle (1973), pp. 41-46.

24 A. Nygren, Agape and Eros (1953).

25 Coríntios 6:19.

26 Lossky, Orthodox Theology (1978), pp. 136-137.

27 E.g. Alexander of Hales, Duns Scotus.

28 Niebuhr, An Interpretation of Christian Ethics (1956), pp. 97-123.

29 Uma frase de Matthew Arnold, o ensaísta Anglicano liberal do século XIX.

30 R. A. Bertocci, The Person God Is (1970), pp. 17-37.

31 M. Redeker, Schleiermacher: Life and Thought (1973), pp. 36-48.

32 E. H. Cousins, ed., Process Theology (1971).

33 C. Hartshorne, Logic of Perfection (1962), pp. 133-147