O Segundo Advento

O Apocalíptico Fundamentalista

Em nosso tempo, dois grupos de cristãos afirmam que podemos estar (e provavelmente estamos) vivendo nos Últimos Dias. Por um lado, há um grupo considerável de Fundamentalistas Protestantes que proclamam em voz alta o retorno iminente do Jesus físico. Em outro lado estão os cristãos Unificacionistas que também ensinam que a consumação da história pode ocorre em nosso tempo. No entanto, porque há significativas diferenças entre a mensagem Fundamentalista e os ensinamentos do Princípio Divino, é importante não confundi-los.

Protestantes Fundamentalistas, como Hal Lindsey, defendem uma interpretação pré-milenar da Bíblia. 1 Quais são as características essenciais desta teologia apocalíptica? Primeiro, quando Jesus retorna, ele estabelecerá um reino terreno. Ao reinar como o rei messiânico, ele estabelecerá uma ordem social ideal na qual haverá completa paz, retidão e justiça.

Segundo, o reaparecimento de Jesus em forma corporal ocorrerá de forma repentina e dramática. Por causa de uma série de estupendos eventos sobrenaturais que anunciarão a Parusia, o retorno de Cristo será prontamente observável por todos. Os incrédulos reconhecerão imediatamente que o milênio chegou como resultado de seus acontecimentos miraculosos.

Terceiro, o recém-estabelecido reino de Cristo não será simplesmente uma extensão e perfeição das tendências terrenas existentes. Muito pelo contrário, pois a Parusia ocorrerá inesperadamente em um momento de degradação moral generalizada e indiferença religiosa.

Quarto, o segundo advento de Cristo será precedido por uma “grande tribulação.” Pouco antes de seu retorno físico, a humanidade e o mundo natural sofrerão catástrofes surpreendentes. Jesus aparecerá em um tempo de tribulação cósmica como também tumulto social e intenso sofrimento. Alguns milenaristas acreditam que os cristãos serão milagrosamente transportados deste mundo antes da grande tribulação, enquanto os outros sentirão que a Igreja 2 permanecerá na terra durante estas perturbações sobrenaturais.

Quinto, a segunda vinda resultará na subjugação de todo mal e no aprisionamento de Satanás por mil anos. Contudo, perto do fim deste milênio de paz e justiça, Satanás ficará livre e lançará um desesperado assalto final. Então ele e seus aliados demoníacos serão derrotados e lançados no lago de fogo que Deus tem preparado para seu castigo eterno.

Sexto, milenaristas afirmam que esta descrição dos Últimos Dias é claramente ensinada nas Escrituras. Eles também afirmam que através de estudo detalhado das profecias de Daniel e Ezequiel, como também as passagens apocalípticas no Novo Testamento, é possível encontrar os eventos políticos concretos que indicarão a iminência do retorno de Jesus.

Este quadro do Fim dos tempos se torna moderno por uma exegese providencial das Escrituras através de muitos leigos e ministros Fundamentalistas que pertencem a igrejas fora do eixo principal do Protestantismo contemporâneo. Portanto, devemos considerar brevemente sua interpretação da fé bíblica. O dispensacionalismo moderno se originou na pregação do Reverendo John Nelson Darby (1800-1882), um sacerdote Anglicano que se tornou um líder da seita dos irmãos Plymouth, e um clérigo Congregacionalista do Texas, C. I. Scofield (1843-1921) que publicou um notadamente muito popular Reference Bible que se tornou uma autoridade Fundamentalista. 3

O que estes cristãos da Bíblia Scofield ensinam? 4 A primeira e mais importante afirmação que eles fizeram é que as Escrituras devem ser interpretadas literalmente. Portanto, todas as profecias na Bíblia serão cumpridas literalmente. Se as Escrituras dizem que o retorno de Cristo estará sobre o Monte das Oliveiras e que ele se dividirá, então Cristo estará naquela montanha que então se dividirá literalmente (Zacarias 14:4).

O segundo princípio principal dos cristãos da Bíblia Scofield é distinguir enfaticamente entre Israel e a Igreja. Deus fez uma aliança incondicional com os Judeus que nunca pode ser rompida. Deus definitivamente confiou a eles todas as bênçãos que Ele prometeu para Abraão e sua semente. A Igreja não assume o lugar do povo escolhido judeu. A Igreja não era prevista no tempo do Velho Testamento, não começou até o Pentecostes e somente se tornou necessária porque os Judeus 5 rejeitaram o reino terreno que Jesus ofereceu.

Em terceiro lugar, os cristãos da Bíblia Scofield diferenciam entre o reino do céu e o reino de Deus. O primeiro é Judeu, Davídico e messiânico. Quando os Judeus no tempo de Jesus o rejeitaram, este reino vindouro foi postergado até o milênio. Em contraste, o reino de Deus é universal, se referindo ao regime todo inclusivo de Deus sobre a humanidade.

Em quarto lugar, a Bíblia Scofield divide a história da atividade salvadora de Deus em “dispensações” separadas. Passo a passo, Ele cumpre Seu propósito. O relacionamento de Deus com os homens difere no estágio Abraâmico, no estágio Mosaico, no tempo de Jesus e, o período da Igreja cristã. Não obstante, há somente uma forma para se unir com Deus, qualquer que seja a dispensação. Salvação sempre é somente pela fé. Além disso, a validade básica da lei moral permanece a mesma através de séries de dispensações. Mas em muitos casos o que é obrigatório em uma etapa da dispensação de Deus não é mais válido em etapas subsequentes. Por exemplo, a lei cerimonial judaica foi ordenada por Deus para o período do Velho Testamento, mas não era exigida dos cristãos em uma dispensação posterior.

A última característica da exegese da Bíblia de Scofield é sua afeição pela interpretação tipológica do Velho Testamento. Grande ingenuidade é empregada para indicar quantas vezes “tipos de Cristo” ou previsões definidas da vinda de Jesus, estão escondidos nos textos judaicos. Por exemplo, Isaque, José, Moisés, e até mesmo Mardoqueu no livro de Ester apontam especificamente para Cristo. Isaque é um tipo de Cristo porque ele, como Jesus, foi ofertado como um sacrifício; e Moisés é como Cristo porque ambas as crianças escaparam de serem mortas por governantes perversos. Em outras palavras, embora as profecias das Escrituras devam ser cumpridas literalmente, a maioria do Velho Testamento contém significados secretos bem mais profundos do que o texto literal.

Agora devemos avaliar a teologia Fundamentalista da história. Por que ela é desconsiderada por quase todos os maiores teólogos e suas promulgações limitadas à “faculdades bíblicas” à margem do Protestantismo contemporâneo? 6 Primeiro, porque os dispensacionalistas não são realmente intérpretes dedicados das Escrituras, a despeito de suas reivindicações. Por exemplo, o Novo Testamento não emprega uma exegese literal das profecias do Velho Testamento. Permita-me dar três exemplos. A previsão que Elias retornaria antes da chegada do Messias não foi cumprida literalmente porque João Batista serviu como o substituto espiritual do profeta. Atos 4:21-28 interpreta o aprisionamento de Pedro e João como o cumprimento de Salmos 2, mas isto não é uma realização literal da previsão que reis se oporiam ao Messias a quem Deus tinha colocado no trono no Monte Sião. Finalmente, o apóstolo Tiago identifica a profecia de Amós da restauração do tabernáculo decaído de Davi com a conversão dos Gentios ao Cristianismo e o estabelecimento do reino espiritual de Deus (Atos 15:13-18). 7 A partir desta evidência, pode-se concluir que mesmo a partir do tempo do Novo Testamento, os cristãos têm negado explicitamente a reivindicação Fundamentalista que todas as profecias do Velho Testamento sobre os judeus como um grupo étnico devem ser literalmente cumpridas.

Os cristãos da Bíblia Scofield também apresentam um caso fraco quando tentam encontrar confirmação das predições bíblicas nas manchetes de jornais. Permita-me citar aqui a identificação questionável de Hal Lindsey dos textos apocalípticos com eventos políticos atuais. 8 Ele reivindica que a Bíblia prediz como sinais do aparecimento iminente do Messias a criação do Mercado Comum Europeu, a hostilidade árabe com Israel, os interesses dos Comunistas russos no Oriente Médio e as conquistas militares dos chineses. Cada um destes eventos políticos confirma exatamente uma específica profecia bíblica.

Lindsey está certo? Uma pessoa tem razão ao ser cética porque Lutero, um exegeta das Escrituras muito mais hábil, utilizou exatamente os mesmos textos para provar que o século XVI era os Últimos Dias. Para ele, estas profecias se referiam ao papado, a aliança do príncipe da Alemanha territorial contra o Protestantismo e o avanço dos exércitos dos Turcos Otomanos. Então, durante a Segunda Guerra Mundial, pregadores Fundamentalistas utilizaram os mesmos textos prevendo confiantemente que Hitler era o anticristo, os Nazistas seriam aliados de Satanás na vindoura batalha do Armagedon e a misteriosa horda do leste era o exército japonês. Quando dispensacionalistas como Lindsey estavam tão frequentemente errados, não é de admirar que a maioria dos cristãos rejeitasse essas especulações fantásticas.

Por que o cenário Fundamentalista para os Últimos Dias é ausente dos livros modernos dos mais eminentes teólogos do século XX como Barth, Bultmann e Tillich, ou seus sucessores, Moltmann, Pannenberg, Cobb, Ogden e Rahner? Emil Brunner explica a razão pela qual o retorno físico de Jesus nas nuvens tem sido ignorado nos tempos modernos. O apocalíptico bíblico é baseado em uma cosmologia obsoleta muito diferente das visões do mundo científico. É ridículo conectar a imagem do mundo nas escrituras com nossos conceitos modernos. Não podemos acreditar que nos Últimos Dias as estrelas literalmente cairão do céu ou que os cristãos serão ressuscitados para encontrar o retorno de Jesus nas nuvens. Não obstante, pode-se valorizar o imaginário escatológico do Novo Testamento como símbolos para o valor da história de vida de cada indivíduo e também o significado histórico do curso de toda a humanidade. 9

Uma Nota sobre Dispensacionalismo

A. Origens

Como uma interpretação distinta e detalhada do plano bíblico de salvação, o dispensacionalismo é amplamente o trabalho de três homens. John Nelson Darby (1800-82) deixou o sacerdócio Anglicano para se tornar um líder da seita Irmãos Plymouth em 1827. Em seus livros e sermões como um evangelista internacional, ele sistematizou e popularizou visões dispensacionalistas. C. R. Scofield (1843-1921), um pastor da Primeira Igreja Congregacional de Dallas, utilizou o esquema dispensacionalista em seu texto amplamente circulado Reference Bible. Lewis S. Chafer (1871-1952) fundou o Seminário Teológico de Dallas em 1924 e ensinou teologia dispensacionalista lá, embora suas visões fossem condenadas pela Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana (Southern). O mesmo dispensacionalismo teve continuidade por seu sucessor John E Walvoord (b. 1910).

B. As Ideias Básicas

Dispensacionalismo interpreta a Bíblia como uma série de períodos históricos separados, cada um dos quais recebe uma revelação divina para obedecer a Deus de uma forma específica. A palavra “dispensação” vem de uma tradução do Latim de uma palavra grega do Novo Testamento significando “servir como um zelador da propriedade em nome de seu dono.” Teologicamente, uma dispensação é um estágio na revelação progressiva de Deus constituindo uma administração distinta ou regra de vida (L. S. Chafer). Na Reference Bible de Scofield, uma dispensação é um período de tempo durante o qual o homem é testado em respeito à obediência de alguma revelação específica da vontade de Deus (nota de rodapé ao Gen. 1:28). Ou simplesmente, em cada época da história das Escrituras, Deus testa o homem por mandamentos especiais, e o julga se ele é desobediente.

De acordo com os dispensacionalistas, há sete idades do homem:

(1) a dispensação Adâmica, 
(2) aquela de Noé, 
(3) a Abraâmica, 
(4) Mosaica, 
(5) a aliança Palestina, 
(6) a Davídica e 
(7) a nova dispensação da graça.

Esta é a divisão de Scofield. Esta é de alguma forma diferente de Chafer:

(1) a dispensação Edênica da inocência, 
(2) a dispensação Adâmica da consciência, 
(3) a dispensação de Noé do governo humano, 
(4) a dispensação Abraâmica da promessa, 
(5) a dispensação de Moisés da Lei, 
(6) a dispensação do Novo Testamento da graça, e 
(7) a dispensação final do reino de Deus.

Utilizando a interpretação de Scofield, vamos ver o que cada dispensação contém. Primeiro, o homem, criado inocente, estava sujeito a um teste simples. Quando Adão e Eva desobedeceram ao mandamento divino, eles foram expulsos do Éden. Segundo, o homem decaído foi ordenado a obedecer sua consciência, fazer o bem, se abster do mal, e se aproximar de Deus através de ritos sacrificais. Quando os homens falharam em conduzir estes mandamentos divinos, Deus os puniu com um dilúvio.

Em terceiro lugar, durante a aliança de Noé, o homem pela primeira vez estava sujeito ao governo humano. Esta dispensação contém sete elementos:

1) Deus reconfirma o relacionamento positivo do homem com a terra (Gen. 8:21).

2) Deus confirma o ritmo ordenado da natureza (vs. 22).

3) O governo humano é estabelecido (9:1-6).

4) A Terra nunca será novamente destruída por água.

5) É profetizado que os filhos de Cam serão uma raça inferior (9:24-25).

6) os descendentes de Sem estarão especialmente relacionados com Deus (9:26-27). 
7) Finalmente, é predito que os descendentes de Jafé serão famosos por suas habilidades de governo, arte e ciência (9:27).

A quarta ou aliança Abraâmica também tem sete elementos: Os descendentes de Abraão se tornarão uma grande nação. Deus os abençoará temporalmente e espiritualmente. O nome de Abraão se tornará famoso em âmbito mundial. Deus abençoará todos que abençoarem Abraão, e amaldiçoará aqueles que o amaldiçoarem. Em Abraão todas as famílias da terra devem ser abençoadas porque Jesus Cristo virá a partir da semente de Abraão.

A dispensação da Lei começa com Moisés e termina com a crucificação de Jesus ou a experiência do Pentecostes. Deus dá Seus mandamentos (Ex. 19:3-4). A responsabilidade dos homens é indicada (19:5-6). Eles falham e são julgados. A Lei Mosaica contém três partes: os dez mandamentos, as regras governando a vida social de Israel e as exigências religiosas.

A próxima dispensação, Scofield chama de aliança Palestina que dá as condições sob as quais os hebreus entram na terra prometida. Ela também tem sete partes: Israel será dispersa se desobedecer a Deus (Deut. 28:63-68). Uma vez que eles são dispersos, os hebreus se arrependerão. Cristo virá para ajudá-los contra seus inimigos. Os judeus serão capazes de retornar para sua pátria. Todos eles serão convertidos (Rom. 11:26-27) pelo Messias e ele executará o julgamento sobre seus opressores. Finalmente, Israel se tornará maravilhosamente próspera (Deut. 30:9).

A sétima ou dispensação Davídica (II Sam. 7:8-17) fornece o fundamento para o reino glorioso de Cristo que nasceu da semente de Davi. Deus abençoa a família do Rei Davi. Ele promete a eles um trono, autoridade real e um reino para sempre. Se os filhos reais de Davi desobedecem a Deus, eles serão punidos, mas seu reino está garantido por Deus para sempre. Neste ponto, os dispensacionalistas discordam da maioria dos cristãos. A maioria dos cristãos acredita que a promessa de Deus para os judeus foi cancelada quando eles rejeitaram Jesus, e por isso não há nenhuma base escritural para a crença que uma dinastia judaica Davídica será restabelecida em Jerusalém como parte da era messiânica, eles diriam.

A dispensação final do reino começa com a morte surpreendente de Jesus na cruz ou a vinda do Espírito Santo no Pentecostes. Esta Nova Aliança de graça e o reino repousam no sacrifício de Cristo e assegura a bem-aventurança eterna para todos que acreditam (Scofield Bible, nota de rodapé para Heb. 8:8).

De acordo com Chafer, a graça falhou em produzir a aceitação em âmbito mundial de Cristo ou a igreja triunfante. Assim, é necessário que Cristo venha novamente, começando a dispensação final do reino. Após um período de grande tribulação e a “ruptura” da igreja, Cristo aprisionará Satanás por mil anos, e então estabelecerá um reino teocrático – um reino de Deus terreno com um renovado sistema de sacrifício e um sacerdócio (Is. 60:21-23, Eze. 40-48). Após o milênio, Satanás será libertado para fazer um assalto final ao homem (Apoc. 20:7-9). Deus punirá os rebeldes pelo fogo (Apoc. 20:9) e a velha terra e o velho céu serão destruídos por fogo (II Pedro 3:7, 10-12).

C. Avaliação

Quais são as vantagens da interpretação dispensacional das Escrituras e quais são suas fraquezas? Há várias características positivas do dispensacionalismo. Por um lado, ele tenta dar um plano racional para os propósitos de Deus na história. Em segundo lugar, ele ensina a revelação progressiva. Deus trata com os homens em cada dispensação de uma forma distinta. Cada época histórica tem suas responsabilidades especiais e revelação única da vontade de Deus para seu próprio tempo. Em terceiro lugar, dispensacionalistas oferecem uma interpretação milenar da Bíblia. A história culminará na criação de um novo céu e uma nova terra.

Quais são as críticas usuais do dispensacionalismo? Um, ele não é o que a Bíblia ensina, mas é um sistema artificial imposto sobre as Escrituras. Dois, o dispensacionalismo não era ensinado pela antiga igreja ou os reformadores Protestantes. Os ensinamentos de Jesus não são dispensacionais. Nem é esta a forma que Paulo, Agostinho, Lutero ou Calvino explicaram as Escrituras. Dispensacionalismo é uma inovação muito recente, um sistema inventado no final do século XIX pelos sectários como John Nelson Darby dos irmãos Plymouth. Três, o dispensacionalismo não é defendido nas denominações principais – Ortodoxa do Oriente, Católica Romana, Anglicana, Luterana ou Calvinista – mas é somente promulgada pelos revivalistas independentes e igrejas Fundamentalistas. Quatro, dispensacionalistas não concordam sobre o número e natureza dos vários períodos da revelação divina. Finalmente, os dispensacionalistas são pregadores de mente estreita e leigos divididos cuja obra principal é semear as sementes da dissenção entre os cristãos. Por esta razão, mesmo os evangélicos Protestantes como Billy Graham ou os editores de Christianity Today são muito cuidadosos para não identificar sua obra com o dispensacionalismo.

Como a teologia dispensacionalista se compara com o Princípio Divino? Ambos dividem o curso da história providencial em períodos separados. Ambos enfatizam o fato que somos testados por nossa responsabilidade e Deus pune uma época que falha em sua tarefa com Deus. Ambos enfatizam o propósito messiânico e objetivo da história. Finalmente, ambos ensinam que o propósito essencial de Deus não pode ser limitado à pregação e adoração de uma igreja, mas deve incluir o estabelecimento de um reino do céu terreno.

Entretanto, as diferenças entre o dispensacionalismo Protestante e o Princípio Divino são tão grandes como as similaridades. Por causa da crença Fundamentalista em uma interpretação exclusivamente literal das Escrituras, os dispensacionalistas insistem no nascimento virginal, ressurreição física, ascensão corporal e o retorno de Jesus sobre as nuvens. Pela mesma razão, eles discordam do Princípio Divino sobre a natureza da queda, a total suficiência da morte expiatória de Jesus na cruz, a “ruptura” dos santos, a total destruição da terra nos Últimos Dias, e a punição duradoura dos condenados. Dispensacionalistas não entendem a restauração através de indenização. Eles falham em ver como a idade do Novo Testamento é paralela com a idade do Velho Testamento. Eles acreditam que os judeus permanecem o povo escolhido, a despeito de sua rejeição de Jesus. Eles acham que Israel será o lugar onde o segundo advento ocorrerá. E eles definem os Últimos Dias e a chegada da era messiânica com inúmeras maravilhas sobrenaturais e catástrofes naturais. Além disso, eles nem estão interessados em reconciliar ciência e religião ou unir as crenças. Para concluir, nestes assuntos fundamentais, o Princípio Divino e os pontos de vistas dispensacionalistas são tão apartados como óleo e água.


1 Cf. H. Lindsey, The Late Great Planet Earth (1970). Um notado evangélico, Samuel Escobar, condenou este best-seller por seu intensamente conservador nacionalismo americano como também sua hostilidade com a Europa e os países árabes, C. R. Padilla, ed., The New Face of Evangelicalism (1976), p.259.

2 Cf. C. L. Feinberg, “The Rapture of the Church: How and When?” em Jesus the King Is Coming (1975), pp. 27-35.

Scofield Reference Bible (1909), principal revisão (1967).

4 Para excelentes estudos acadêmicos, cf. M. J. Erickson, Contemporary Options in Eschatology (1977) e C. B. Bass, Backgrounds to Dispensationalism (1960).

5 Cf. C. L. Feinberg, “Israel and the Prophetic Scriptures,” Prophecy and the Seventies (1971), pp. 163-198.

6 Por exemplo, Moody Bible Institute, Bob Jones University, Dallas Theological Seminary. Fundamentalistas não devem ser confundidos com os Evangélicos representados pelo jornal Christianity Today

7 M. J. Erickson, op. cit., pp. 105-106. Cf. L. Berkhof, The Kingdom of God: The Development of the Idea of the Kingdom, Especially Since the Eighteenth Century (1951), p.165.

8 Lindsey encontra o Mercado Comum Europeu previsto no capítulo 7 de Daniel; os comunistas russos no capítulo 38 de Ezequiel e os Chineses Vermelhos no Apocalipse 16:12, 9:16-18. Inadvertidamente, ele minou seu caso concordando com uma autoridade que identificou a referência de Ezequiel com o rei do norte (caps. 38-39) como o Czar da Rússia, uma pessoa muito diferente do ditador Comunista (The Late Great Planet Earth, p. 63).

9 E. Brunner, Eternal Hope (1954), um livro preparado sobre o tema da reunião do Conselho Mundial das Igrejas em Evanston: “Cristo, a esperança do mundo.”